Segundos de Sabedoria

quarta-feira, junho 11

Aquele que excede em sua jactância, ordenha o mastodonte vicioso do seu ego mendicante.

do Crédulo

No amanhecer taciturno de um dia cinzento
reside o conformismo de um fleumático por excelência;
natureza merencória, olhos distantes no firmamento
aguarda de maneira inerte o mal que não deseja,
mas que por ventura virá e encontrará abrigo
na falta de vigor de uma mente embalsamada
e de um corpo caquético de sofreguidão voluntária
que se consolidaram com o majorar da sua fé.

terça-feira, junho 10

"Para cada cão que cruzar o caminho do indigente, uma estrela sóbria se reinventará"

segunda-feira, junho 9

"Do gotejar de esperanças redentoras o nascituro retira o seu sustento. Ademais, emprega sobejamente sua inércia pululante, envaidecido pelo caráter transitório de seu statu quo."

"É de suspiros malquistos que brota a recrudescência de uma vida ascética."

no Olho da Lua

Mal ajambrado, chapéu nas mãos
vislumbra ao longe um futuro incerto
que para sua felicidade não chegará;
tenta seguir em frente, muito embora já não consiga caminhar
felicita aquele que o praguejou
pois graças a este agora tem a liberdade
de deitar ao relento sem temer às vistas alheias
pensa de si para si: "nada temo senão o nada"
levanta e retorna para o lar que nunca tivera.

quarta-feira, setembro 14

O Suspiro de Jacob III - O regresso

Caminha o caminho inverso de chegar em casa. Dia quente e bom para qualquer receio. Ralando no vazio dos passos inconstantes, recosta, enfim, no destino imediato. A essa altura qualquer destino serve para Jacob, que compra duas partes de coisa indispensável e uma parte de coisa qualquer. Parte de uma vez olhando doze horas, satisfeitíssimo.

quinta-feira, outubro 7

O Suspiro de Jacob II

Vence a porta com orgulho invejável e pára. E olha. Apenas quer terminar o trabalho que ele nao quer terminar. Sua fraca vontade de não querer se mistura com os gritos do relógio e o faz hesitar. Decreta insolúvel o impasse e sorri novamente.

quinta-feira, setembro 30

O Suspiro de Jacob

Leu e releu seu Guia de Princípios. Apontou para a porta e disparou seu mais sisudo sorriso secreto. Um eco confirma e o manda seguir em frente. Relê o capítulo que não mais está marcado e ajeita o livro no bolso empoeirado. Agradece por estar de pé mais uma vez porém não esquece a luta, a mesma luta emprestada de uma noite de pesadelos qualquer, que hoje se estende e o envolve num esquecimento otimista.

quinta-feira, agosto 26

Nem todo náufrago é um exímio nadador, mas a promessa de terra firme aguça cada braçada no incerto e revolto mar da ostentação.

A angústia do indeciso é o jubileu do fracassado.

quinta-feira, agosto 12

O Trono de Paca - Parte III

A cigarra e o camarão, por entre altas paredes tortas para baixo, caminham. Um tatu engrandecido discursa com eloquencia, sobre montes de orgulho esverdeado:
- ...E por respeito a todos que por aqui dantes passaram, ninguém jamais passará!!
- Eu sou de antes, talvez possa passar - falou o camarão à cigarra.
- Que bom que me avisaste agora, se depois fosse eu não poderia ir contigo - respondeu a cigarra.
Afastam-se. Tentam se misturar, mas o camarão tem muitas idéias, inquieto, se dirige ao tatu:
- Quero levar a todos para antes, entao poderemos passar!
- Tens a carne branca e há de compreender-nos - completou a cigarra.
Com um gesto do tatu as paredes se consertam. O camarão e a cigarra sobem e vão ter com o tatu.

terça-feira, agosto 10

Tarde de Chuva IV

Passeiam os olhos do louco por toda a vitrine. Arranjos coloridos e petiscos saborosos. Seus olhos se enchem de satisfação faminta, enquanto a garganta se liberta, saliva ruidosa como aperitivo. Pressente o perigo... e salta! Salta para dentro se estiver fora ou salta para fora se estiver dentro. Para ele o que importa é saltar bem alto. E dessa vez conseguiu. Foi mesmo alto o louco e alto ficou risonho em pensamentos bons e criativos. Uma gargalhada como sobremesa. Levanta-se , e vai...

quarta-feira, agosto 4

"O mais fabuloso da existência é a ilusão do que se é."

sexta-feira, julho 30

O Trono de Paca - Parte II

Disse então a cigarra ao camarão:

- Mas porque interpelaste-me? Porque não me abordaste?
- Abordar? Abortar! Piegas! Hoje a polêmica vem de outra direção.
- Tens razão novamente.
- A polêmica vem pelos flancos!
- Há muito a ser dito ainda, mas se faz difícil ordenar o pensamento. Que devo eu fazer para recrutar?
- Primeiro pense. Depois ordene. E use os nomes mais novos. Veja! Há uma corrente seguindo para lá!
- Ótimo, vamos! Onde é lá??
- Descubramos. Sigamos. Olha, um grande corredor!!

quarta-feira, julho 28

O Trono de Paca - Parte I

A cigarra, interpelada pelo camarão, diz:
- Que queres tu?
- Venha, vamos criar uma revolução.
- Ainda bem que me chamaste. Nao fazes idéia do quão frio é aqui dentro desta casca.
- Sem conversa fiada. Recrutemos os transeuntes!

quinta-feira, julho 22

Comida com sal

O insuspeito repouso de um incendiário moribundo é interpelado pelo sucesso súbito de seu prato preferido. A alma em brasa acalma e acalenta o impulso faminto fulminante e saudável. Abre a janela e corre nu por entre as freiras visivemente surpresas.

quarta-feira, julho 21

"Para se tornar duas vezes mestre eu sua arte um escultor dedicado deve antes lapidar seu próprio ego absurdo."

terça-feira, julho 20

"Todo aquele que, por herança cordial, se torna senhor de sua sobriedade, tentará sucumbir ao ocaso das cordiais festas de vilarejo."

"Se aconselhas o fraco a pedir abrigo, jamais vislumbrarás os pilares da hierarquia reversa."

segunda-feira, julho 19

"Se a harmonia te acena com a indiferença impetulante de distantes dias alternativos, acena de volta e abraça o própio medo."

quinta-feira, julho 15

"Se tropeças no turbilhão cego de pensamentos urgentes não comtemplarás o regurgitar dos sonhos latentes."

quarta-feira, julho 14

"Aquele que é vesgo de coração nao distingue com parcimônia o caminho do ourives."

terça-feira, julho 13

"O receio do perdedor é para consigo mesmo. Quando não esfola a intragável miséria, sente os pulmões a embranquecer-lhe o tato."

segunda-feira, julho 12

O louco visionário (Tarde de chuva III)

Põe-se de pé o louco e sacode a lama febril. Caminha. Árvore, árvore, árvore... pessoa! Indaga:
- Tens essência?
- Claro que não! Estás louco?
- Deveras. És então vazio?
- Lógico. Não se acha essência cá por essas bandas.
- Ainda bem que venho de lugar algum. Minha alma é essência pura.
- Ora, como ousas dizer essas coisas? Passar bem!
Se foi. O louco, de pé. Reflete. Caminha. Árvore... indaga:
- Tens essência?
Silêncio. Sombra. Tranquilo, se recosta. e dorme.

Tarde de chuva II

É tarde. Chove, repousa o louco na relva. Entre espasmos de frio e famintos urros estomacais ele vê, entre uma gota e outra, o reflexo sublime de uma vontade esquecida. Um sorriso maroto denuncia suas convicções: há vantagens em ser louco, ele sabe que é livre e hoje nao irá pescar, caso nao queira.

"Sábio é aquele que espera, pois regojizará na casa do ímpio."

sexta-feira, julho 9

"No entardecer do ideal de um sofredor é que se revelam as as cordilheiras do desleixo."

quinta-feira, julho 8

"Se como a extremidade do tabaco o inimigo se encolhe, atearás fogo ao otimismo recatado"

"Aquele que parafraseia o sábio reflete em si mesmo a verborragia de outrem"

"Aquele que persevera na penumbra faz de sua luz um carrossel de sabedoria."

quarta-feira, julho 7

"Como a tênue vontade inocente do aprendiz, o erro faz brotar perseverança em cada operário da paz"

segunda-feira, julho 5

Tarde de chuva

Certo dia, estava um velho senhor a tragar seu estimado cachimbo de jacarandá. Seu neto se aproxima e indaga: "Vô, porque ela se foi?" Tomado por um súbito acesso de cólera, ruborizado ele estremece, se acalma, e então diz: "Ainda és jovem, ouve o vento, pois ele sempre conta as melhores estórias"

"O que pode parecer um teste pode, eventualmente, revelar-se uma provação"

"Jamais subestime o melhor"

"Quando um homem honesto diz uma palavra, assim ele se torna"

"Aquele que retorna à sua casa, sempre será, pois para cada estrela no céu, uma esperança"

Olá amigos

Aqui serão ofertadas migalhas de sabedoria àqueles que procuram a luz. Volte em breve e sorva generosamente dessa fonte de conhecimento.